Você que, revoltado, diz "tinha mais gente
na passeata do orgulho gay do que na Marcha Pela Vida" foi à Marcha Pela
Vida?
As pessoas criticam, indignam-se, dizem
"quais são os valores desse país!". E este é o nosso problema:
criticamos, indignamo-nos, mas só ficamos nisso.
Primeiro que eu não vejo problema nenhum em uma
passeata ter tido mais gente que outra marcha. Uma coisa não tem nada a ver com
a outra. Segundo, que estou usando estes dois eventos somente como exemplo!
O problema que eu vejo é o cidadão ficar
indignado com isso sem ter participado da Marcha Pela Vida. Porque ele não foi
lá, então, fazer número, se ele acha que isso é tão importante? Nós reclamamos
e defendemos algo pelo qual não mexemos uma palha.
Os brasileiros somos assim mesmo. Adoramos fazer
discursos, aliás, adoramos repetir discursos que ouvimos e "no
original" nos pareceram inteligentes, atuais, esclarecidos. Mas prática, que é bom, nada!
Eu mesmo, que estou escrevendo este texto, não
fui a nenhuma das duas. Fiquei em casa assistindo filme, que em minha opinião é
muito mais legal. E estou me achando no direito de ficar escrevendo aqui como
se tivesse conhecimento de causa.
Os brasileiros somos assim mesmo...
Adoramos criticar as mazelas dos políticos, mas
temos gato em casa. Gato de energia elétrica, que fique claro. Aliás, que fique
mais claro ainda: gato é só um exemplo. Você, leitor, substitua
"gato" por qualquer coisa que sua consciência estiver mandando agora.
Isso nos leva a uma triste conclusão (que vou
escrever em forma de pergunta para tentar não ofender ninguém): será que nossa
declarada honestidade não é, na verdade, falta de oportunidade?
Não. Não estou defendendo corruptos. Estou
apenas colocando no papel ideias que me estão vindo à mente. Talvez eu
reescreva. Talvez eu apague esta parte. Ou talvez vá assim mesmo (mais
provável).
E a ideia principal que me veio agora à mente
é de que enquanto não fizermos nada, nada vai ser feito (tô ficando bom nessas
frases inteligentes). O problema é que uma andorinha só não faz verão! E quando
pensamos nisso, vem a desesperança. Ou é nessa hora que vem a preguiça? Talvez
pensando nisso é que nos desculpamos. Ou será que quando estamos nos
desculpando é que usamos essa frase? Acho que é isso. Quando não queremos, ou
não temos coragem, ou temos preguiça, ou nos falta capacidade mesmo, ou mais um
milhão de motivos, nossa mente funciona que é uma beleza pra arranjar uma
desculpa inteligente.
Acho que mostrei meu ponto de vista. Agora...
uma das partes mais difíceis de se escrever, depois de criar o hábito de
escrever todos os dias, é o tal do fechamento. A conclusão. Algo que não
permita ao leitor dizer: e aí?!
Acho que essa sensação é muito ruim, tanto
pra quem lê quanto pra quem escreve. E neste momento estou eu aqui tentando
achar palavras pra fechar este texto. Como a inspiração não veio, vou recorrer
a leituras que já fiz a respeito de escrita e oratória, que nos colocam algumas
opções de conclusões e encerrar com um chamamento:
Diante de todo o exposto, desafio você,
leitor, a encontrar algo que acredite ser realmente importante, algo pelo qual você
ache que valha à pena lutar, algo que você gostaria de melhorar neste mundo,
mesmo que seja para seu filho ou filha desfrutar no futuro. E quando você
descobrir essa coisa mágica, para de reclamar, levanta e faz alguma coisa!